SOU
PAI DE UM ADOLESCENTE DE 13 ANOS QUE É AUTISTA. Posso afirmar que o tema que
será abordado neste artigo é de maior relevância e muito sensível às famílias
que tem um filho ou ente querido portador deste transtorno.
Um
dos maiores desafios dos pais, dentre outros, é conseguir uma escola que
promova uma inclusão de qualidade, ou que atenda minimamente as crianças e
jovens autistas em suas necessidades pedagógicas. É uma verdadeira via crucis
encontrar uma instituição de ensino que possua no seu Corpo Docente profissionais capazes de
entender a importância que eles têm na formação destas crianças e jovens com o
transtorno do Espectro Autista (TEA). O objetivo é universalizar o acesso a
esta educação complexa, garantindo a equidade e dando atenção às necessidades
básicas destes autistas, pois a falta de conhecimento sobre o assunto é
latente.
Bem,
a inclusão no ensino regular faz-se necessária, não só para aprender
matemática, português e outras disciplinas, mas também para a socialização das
crianças e jovens, para não excluí-los do convívio em sociedade. É imperioso
ressaltar o papel da escola neste cenário para o desenvolvimento e convívio
familiar dos autistas.
Geralmente
estas crianças e jovens são fechados perante o ambiente que o rodeia, são
hiperativos, porém são focados em determinadas atividades e lidar com estas
situações torna-se um desafio para todos nós. Entretanto, a formulação de
políticas públicas que venham ao encontro das necessidades das famílias, releva
cada vez mais, a importância do papel do Estado e das instituições de ensino
nestas ações, para que não haja discriminação e que o número de matrículas nas
escolas possam aumentar para garantir a efetiva inclusão.
O
tema é sensível, temos a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Lei Federal nº 13.146/15) que garante o direito da inclusão escolar
verdadeira e efetiva. Mas, a realidade da aplicabilidade da Lei é muito
diferente do que possamos imaginar. Nós pais, para conseguirmos uma escola
pública ou privada com um perfil que atenda às necessidades dos deficientes e
no caso dos autistas é muito difícil, nos tornamos peregrinadores. Vejo
famílias se desdobrando, se mudando de municípios, de estados e até do país, para
poder oferecer aos seus filhos autistas uma melhor inclusão social e escolar.
Assim mesmo, quando se encontra uma escola que “aceita” a criança ou o jovem,
tem fila de espera, e na maioria das vezes estas escolas não estão preparadas
para recebê-los, cumprem uma formalidade porque sabem que existe uma Lei que
determina o direito à matrícula, sendo assim a escola torna-se um depósito de
crianças!
Todos
pais desejam o melhor para seus filhos, é a regra, ficam felizes vendo-os irem
à escola, aprenderem conforme o programado, porém garanto que os pais dos
autistas têm estes mesmos sentimentos, ou muito maior, ao verem seus filhos
serem recebidos pelos professores, tendo tratamento digno e aprendendo ao seu
tempo, isso não tem preço!!
É
uma luta, a inserção do autista na sociedade, no sistema escolar, como também
em obter um tratamento médico-terapêutico de qualidade numa instituição
pública, principalmente àqueles mais necessitados, posso atestar que uma grande
parcela das pessoas que estão no espectro autista, não possuem se quer um
diagnóstico, e nunca frequentaram uma terapia, é muito triste!
No
final do mês de janeiro de 2018, saiu o Censo escolar onde foi divulgado que
aumentou a inclusão de alunos com deficiência, mas que as escolas não têm
estrutura para recebê-los, sendo que no caso dos autistas, fica muito mais
complicado, isso vem corroborar com que eu disse anteriormente.
Este
cenário tem que ser modificado, temos que cobrar e ao mesmo tempo incentivar as
escolas, os professores e os mediadores a realizarem cursos especializados na
área e bonificar estes profissionais que atuarem dentro de sala de aula, que
atingirem metas propostas para o desenvolvimento do ensino.
A
bem da verdade, todas as escolas já deveriam estar preparadas para receber as
crianças e jovens autistas, pois a Lei 12.764 (Leis dos Autistas – chamada de
Lei Berenice Piana) é de 2012, ou seja seis anos em vigor, onde proporciona o
amparo aos autistas à matrícula em qualquer instituição de ensino, sendo pública
ou privada, e estabelece outros direitos.
A
Inclusão Escolar tem que ser uma realidade, da qual as instituições de ensino, bem como
os profissionais de educação, devem se adequar, tudo que é diferente e novo,
inicialmente pode ser um problema, mas é um desafio que pais, sociedade, escola
e professores juntos devem enfrentar, com o objetivo de inserir no contexto
educacional todos os autistas. Somos todos iguais dentro das nossas diferenças
e limitações. Toda criança autista tem do direito de frequentar uma Escola.
Vejo com muita satisfação a inclusão escolar de pessoas com deficiência, inclusive autistas, sendo realizada pelo Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ), onde fui visitar e pude constatar todo o empenho, trabalho, dedicação e profissionalismo, que os professores, o coordenador de ensino e o Comandante/Diretor do CMRJ estão lidando com essa nova realidade dentro de uma instituição de excelência. É uma luz de esperança dentro deste cenário de Inclusão.
Diante
do exposto, podemos concluir que ainda há muito o que fazer nesta área, pois os
desafios são muitos, mas nós pais de autistas devemos manter os pés no chão,
fazermos a nossa parte, cobrarmos do setor público e privado que se adequem a
esta realidade, que respeitem nossos filhos, que tenham um tratamento digno,
pois são pessoas que têm os mesmos direitos de todos nós, como reza a
Constituição Federal, “todos são iguais perante a Lei”.
“O
Autismo não é uma sentença de morte e sim uma esperança de vida!!
Coronel Costa Fernandes - Pai do Matheus
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